A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) estima que mais de três milhões de moçambicanos vivem actualmente em situação de insegurança alimentar aguda, sobretudo na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

De acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira, 11 de Janeiro, a entidade revela que, entre Maio e Setembro, 2,6 milhões de moçambicanos necessitavam de assistência urgente, salientando que, do universo, cerca de 126 mil pessoas estavam na fase 4 do índice de Segurança Alimentar Integrada (IPC, na sigla em inglês).

O relatório acrescenta que até Março de 2024, 3,3 milhões de pessoas enfrentarão “insegurança alimentar aguda ou superior”, o que equivale à fase 3 do IPC.

“Na província de Cabo Delgado, 21% da população dos distritos afectados pelos choques climáticos e pelo terrorismo necessitam de alimentação de emergência ou assistência elevada”, explica a entidade.

No entanto, como forma de reverter o cenário, a FAO revela estar a fornecer sementes certificadas de alta qualidade aos agricultores para garantir que sejam capazes de produzir alimentos durante a principal época agrícola. “Para Cabo Delgado, prevemos entregar ‘kits’ a 24,6 mil agregados familiares e apoiar 123 mil pessoas, com sementes de milho e feijão e ferramentas agrícolas”.

“Na província de Gaza, sul do País, estamos a ajudar as famílias mais vulneráveis para evitar a escassez de alimentos durante o pico do período de seca. Através desta acção, almejamos apoiar 2500 famílias, num total de 12,5 mil pessoas”, explica o documento.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril.

O período chuvoso de 2018-19 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o País.

Já no primeiro trimestre do ano passado, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy pelo país provocaram 306 mortos, afectaram mais de 1,3 milhões de pessoas e destruíram 236 mil casas e 3200 salas de aula.