O tratamento justo entre homens e mulheres de acordo com as suas necessidades e capacidades nas organizações ainda constitui um desafio em Moçambique. Devido ao contexto cultural do País, tem-se advogado a necessidade da equidade de género começar no ambiente familiar, na forma como os papéis são divididos no lar, no sentido de que seja depois alargada para outras áreas da sociedade.
Preocupada com esta questão, que tem estado no centro dos debates nos dias que correm, a Ernst & Young (EY) lançou na segunda-feira, 22 de Maio, o ‘EY Women Talks’, um programa ligado ao empoderamento feminino e inclusão de género. O lançamento, que teve lugar nos escritórios da consultora em Maputo, estreou-se com uma sessão sobre o tema “Mulheres, as Super-Humanas: Porque duvidam que podem construir carreiras de sucesso?”.
Trata-se, na essência, de um programa composto por uma série de eventos, nos quais participarão convidados colaboradores da EY e parceiros reconhecidos no mercado moçambicano, para discussão de diversas temáticas relacionadas com a gestão de negócios e a liderança na perspectiva feminina.
O projecto tem como propósito criar uma rede de mulheres influentes e inspiradoras que possam, junto com a EY, construir um mundo melhor através do empoderamento feminino, da geração de ideias e de soluções de inclusão de género.
Na ocasião, a presidente do Conselho de Administração (PCA) do Standard Bank e CEO da Financial Sector Deepening Moçambique (FSDMOC), Esselina Macome, respondendo as perguntas da sessão, explicou: “historicamente, embora sejamos a maioria, aparecemos, em algumas áreas, em lugares abaixo dos dos homens, e parece que chegou a hora de nos darem alguns degraus para estarmos em igualdade. Mas estes degraus têm de ser dados por merecermos, não simplesmente por sermos mulheres”.
Esselina Macome contou que a organização de que faz parte realiza anualmente um inquérito nacional sobre o nível de informação relativamente aos consumidores de serviços financeiros. “No último inquérito que fizemos obtivemos um resultado que me atraiu atraiu bastante: foi que o nível de exclusão financeira em Moçambique, entre 2014 e 2019, decresceu, e fomos verificar que o que contribuiu para tal foram os serviços financeiros digitais que são usados maioritariamente por mulheres”, assinalou Macome, que defendeu acções mais enérgicas em prol da inclusão das mulheres.
Por sua vez, a empresária e presidente da Associação de Mulheres no sector da energia, Taciana Peão Lopes, referiu que, para mudar o actual cenário da desigualdade de género nas organizações, “temos de mudar políticas, que não só têm que ver com o País, mas também com as empresas. Quando não há igualdade de género é porque não estamos a observar os direitos humanos”.
Para Glayds Gande, EY Consulting Senior Manager e mentora da iniciativa, “queremos criar uma rede de influência, quer de mulheres, quer de homens, que possam empoderar cada vez mais mulheres para que, todos juntos, possamos contribuir para a mudança social que queremos em Moçambique e no mundo”, sustentou.
Durante a sessão, procedeu-se também à assinatura do Memorando com a NFNV – News Faces New Voices -, principal agência de rede de mulheres da Graça Machel Trust, organismo que se centra na expansão e influência das mulheres no sector financeiro e que promove a inclusão financeira.
“Faz parte da nossa missão fazer com que as mulheres tenham o seu valor reconhecido no mundo dos negócios. Temos uma percentagem significativa de colaboradoras mulheres que ocupam cargos de liderança na firma, às quais temos dado o nosso contributo, mas queremos fazer mais para contribuirmos para um mundo melhor de negócios”, afirmou Paulo Reis, sócio-gerente do escritório EY em Maputo e líder do Departamento de Auditoria.
Ao longo do evento, a consultora lançou também uma campanha designada ‘belikeawoman’ cujo objectivo é a criação de um movimento à escala nacional. Os rostos desta campanha são mulheres seniores, do mundo corporativo das mais variadas áreas, incluindo também do meio artístico. O objectivo é que as mulheres influentes mostrem o seu papel nos registos profissional e social e que inspirem outras mulheres, e a sociedade no geral, a perceberem e valorizarem o trabalho de todas.
Esta campanha vai permitir formações em liderança, mentoria e eventos de networking para garantir que mulheres das mais variadas áreas sejam capacitadas e apoiem também na capacitação de outras mulheres, de modo que estas sejam também rostos da transformação social, junto com a EY.