– Testemunho de Hermenegildo Gamito, Antigo Presidente do BPD e um dos fundadores da Gapi durante a cerimónia de celebração do aniversário da GAPI.
“Eu tenho o privilégio de estar aqui a falar conhecendo, (…) a assistência, alguns dos quais temos uma relação de longa data e de tributo, e é com estas palavras que eu gostaria de saudar muito respeitosamente a toda audiência, e agradecer por nos escutar.
Eu quero vos dizer que recebi o convite, agradeci e vinha cá, isto ontem à noite, no telefone pelo antigo director geral, o meu amigo, António Souto, e disse-me que eu tenho de dizer, algumas poucas palavras…..
Nestas ocasiões, vem-me à memoria, na altura como estudante, nós tínhamos um colega, que era uma pessoa fenomenal, mas, numa linguagem simples, muito acelerado! O pai era de poucas letras, mas ele quando queria mais dinheiro, escrevia uma carta longa ao pai, e quanto mais páginas, para ver se aquilo dava efectivamente mais dinheiro, e o pai mandava. Mas o pai dizia-lhe: “Oh filho, tu sabes que eu sou quase analfabeto, por favor, deixa de escrever 8 a 10 páginas. O que tu quiseres vai directamente ao assunto”. Tal pai, tal filho, o filho passou-lhe a escrever em poucas palavras: “Cumprimentos para aí e dinheiro para cá”. E a minha intervenção vai ser praticamente esta.
Nós falamos de uma Gapi, de 3 décadas e tal, 34 anos, Na oportunidade eu dizia, parafraseando um grande poeta – “O que Deus quer, O homem sonha, a obra nasce”.
Este foi um projecto que não foi fácil, dada as características que ele tinha. Passámos ao longo destes 34 anos por várias vicissitudes. Mas há uma coisa que nos orgulha a nós, família Gapi. Nós nunca aparecemos nos jornais, nem nas primeiras nem na última página naquilo que é useiro e vezeiro agora. Abre-se o jornal e o que se vê é, aconteceu isto neste sector, aconteceu aquilo naquele outro sector; um foi apanhado com isto, outro com aquilo; desapareceram milhões daqui e outros milhões dacolá; fraude daqui e dali; POS daqui e POS dacolá… Nós, felizmente, não somos notícia nesses temas. E é esta característica da Gapi que permitiu manter uma correcta relação de confiança com os diversos parceiros.
Nós começámos por iniciativa de uma Fundação, a Friedrich Elbert Stiftung da Alemanha Federal, naquele contexto de há 34 anos. Recordo-vos tempos históricos: existiam duas Alemanhas. O estado moçambicano estava mais ligado à outra Alemanha, a de Leste. A história assume-se para se compreender o passado e perspectivar o futuro. Foi nesta perspectiva e contexto que conseguimos manter a Gapi, no mais alto nível de competência, honestidade, zelo e dedicação.
A Gapi sempre escolheu como seus vectores principais, elementos-chaves que foram os factores principais do seu suceso. Primeiro a formação: formação interna e externa; segundo: dentro da sociedade a Mulher, acreditar que a mulher não só, tem qualidades excepcionais no cumprimento das suas obrigações, como também é um factor e é um actor central na transformação da nossa scociedade; terceiro, segurança alimentar e hoje, num país como nosso, e num espaço mais diverso, a transição energética e a geração de emprego. É isto que caracteriza a nossa Gapi.
Oferecendo serviços financeiros, e fazendo também educação financeira e, não menos importante, eu ressalvaria este aspecto como sendo da maior relevância, contribuindo para a inclusão financeira.
Minhas senhoras e meus senhores, eu quero vos confessar, que eu penso que neste nosso país a coisa que mais falta nos faz é efectivamente uma postura, uma filosofia, de permanente inclusão. Inclusão no seu sentido mais lato. Ainda não conseguimos dar os passos necessários para que haja entre nós a verdadeira inclusão…
Hoje a Gapi fala já da modernização da sua rede digitalizada, um tema moderníssimo no mundo avançado, a “smartização”. Hoje na Europa, Brasil, EUA, o tema central é a smartização. Nas nossas sociedades estamos todos nós a ser permanentemente escrutinados. Esta máquina pequenina que temos, com que se tira fotografias e se manda para as antípodas e recebemos de volta. Há 34 anos, quando o telefone era aquele da manivela, e quando se queria falar para Beira ou para Europa, era uma obra de arte; era preciso marcar e combinar uma hora certa para tirar e pôr cavilhas na central. Hoje, qualquer um de nós nesta sala fala para qualquer parte do mundo. E temos de ter a capacidade de saber fazer a leitura para entender o que isto significa, fundamentalmente em termos humanos. Estamos num Mundo cada vez mais pequeno e humano, mais solidário. Eu estive aqui a falar de alguns termos daquilo que é a doutrina social da Igreja, a dignidade humana e esta solidariedade.
Quero com muito respeito, me curvar, 34 anos com resultados positivos, enfrentando todas aquelas vicissitudes e mar alteroso. Olhamos para o espelho e retiramos de lá uma imagem de cumprimento, uma imagem de fazer aquilo para o nosso país, o desenvolvimento sustentável para o nosso pais. O tempo tem essa característica, o tempo amadurece tudo; o tempo é o pai da verdade. 34 anos depois é tempo de olhar para trás, e estou a falar muito especialmente para os trabalhadores, e ter este orgulho, olhar no espelho e ver a nossa imagem nítida, não olhar para o espelho e ter receio da nossa própria imagem.
A Gapi, sempre dirigiu a formação como elemento essencial. Eu partilho da convicção, de que numa sociedade, empresa, ou instituição onde não se ensina e não se aprende, todos tem medo da sua própria sombra, ufanam-se da sua ignorância e cantam vitória sem terem conquistado coisa alguma. Na instituição, empresa ou sociedade onde se ensina e se aprende, acha-se repassada de espírito de entre ajuda e de alegria de viver.
Eu quero vos agradecer ao nível mais profundo, dizendo simplesmente isto: Obrigado. E obrigado, quer dizer exactamente isto, sinto me obrigado, sinto me vinculado, sinto me profundamente reconhecido.”
Veja o vídeo desta intervenção no link: