António Souto, um dos fundadores da Gapi, respondendo a uma pergunta da plateia durante o evento de comemoração do 34º aniversário desta IFD

“Vou tentar dar uma resposta à questão colocada pelo colega do Fundo Azul: “Como criar mais GAPIs”?

Além do que o fundador Dr Hermenegildo Gamito disse, quero recordar que o assunto discutido em 1987,88 e 89, foi “como criar uma instituição equilibrada para promover o sector privado”. Ele era o presidente do BPD; BPD era Estado.

E nós discutimos o seguinte.

Primeiro, para ser uma instituição de desenvolvimento para o sector privado não pode ter uma mentalidade puramente estatal. Ficámos claros nisto: não pode ser uma entidade meramente estatal! E foi decidido que esta nova instituição não podia ser uma pura subsidiária de uma entidade estatal. Portanto, foi acordado que deveria ser uma aliança entre sector público e privado. Mais tarde viu-se que era também importante o papel de instituições da sociedade civil.

Esta questão do ownership é decisiva. Numa instituição financeira de desenvolvimento tem de haver “balanceamento”; tem de haver a voz do sector privado, a voz do sector público e a voz da sociedade civil. É isso que nós somos desde aquele momento, ou seja, achamos que a questão da estrutura accionista é o segredo.

Segundo, não fomos criados para apenas dar crédito. O objectivo é criar empresas e empresários. Isso já foi dito e voltaremos a repetir quantas vezes for necessário: criar empresários é diferente de dar crédito. Os bancos comerciais são instituições de crédito e nas condições do mercado estão a fazer o seu papel; não é aí que têm de ser criticados; enquanto a Gapi é uma sociedade financeira.

Por isso, para criar pessoas com capacidade empreendedora há uma metodologia própria como o PCE da Gapi já disse e que combina: financiamento, capacitação na gestão e assistência ao desenvolvimento de empresas e de instituições.

Podemos fazer um debate sobre como replicar instituições como a nossa. A Gapi não pretende ser a única IFD. Mas, com todo o respeito pelos colegas que trabalham nos departamentos estatais e/ou nas ongs, é importante que todos percebam que não é com uma postura estatal ou de funcionário público que se promovem empreendedores com “business mind”; nem tão pouco com uma postura de orientação exclusivamente social que se promovem empresários que devem ter uma mentalidade e capacidade para saber como e quando tomar riscos.”

Veja o vídeo desta intervenção no link:

https://youtu.be/KfKa0wqF0DA