O ministro da Indústria e Comércio (MIC), Silvino Moreno, informou no final de Junho que para o actual quinquénio (2020-2024), já a terminar, tinham sido aprovados 1026 projectos de investimentos directo nacional e estrangeiro, num volume global equivalente a cerca de 436 mil milhões de meticais (6,9 mil milhões de dólares) e com potencial para gerar 85 mil novos postos de trabalho.

O governante falava durante o “XXII Conselho Coordenador” subordinado ao tema “Industrializar Moçambique: criando bases para o Desenvolvimento Integrado e Sustentável”, tendo como foco a avaliação do grau de implementação do Programa Quinquenal do Governo 2020 – 2024 e perspectivas para o quinquénio 2025-2029 nos sectores da indústria e comércio.

“Do total dos projectos aprovados, encontram-se em fase de implementação um total de 579, havendo necessidade de destacar a construção e exploração de uma unidade industrial de ilmenite e zircão, orçada em 1,8 mil milhões de meticais (30 milhões de dólares), que prevê a criação de 180 postos de trabalho em Pebane, província da Zambézia; a construção de uma unidade de processamento de aves, gado bovino e caprino, orçada em 1,4 mil milhões de meticais (23 milhões de dólares), prevendo criar 25 postos de trabalho, tanto para estrangeiros como nacionais em Chigubo, província de Gaza, o que vai contribuir para a redução da importação da carne; a instalação e exploração de uma unidade industrial de cerâmica com um investimento total de 6,3 mil milhões de meticais (100 milhões de dólares) empregando actualmente 800 nacionais e prevendo-se empregar mais de mil pessoas em Maputo, na zona de Moamba”, apontou o ministro.

Em entrevista aos jornalistas, Silvino Moreno manifestou a sua satisfação com o desempenho do sector agrícola. “Melhorámos bastante na comercialização agrícola. Com o SUSTENTA, que é o programa para a produção de alimentos, foi possível melhorar os nossos níveis de comercialização ao longo dos cinco anos e conseguimos criar condições para que os operadores da área de comercialização pudessem realizar as suas actividades com segurança. Instituímos uma linha de financiamento específica, o que ajudou a trazer cerca de 59 operadores. Portanto, a produção a nível do País cresceu, sobretudo de alimentos, bem como a comercialização e o agro-processamento, pois em todas as províncias temos unidades de processamento”, explicou o ministro, destacando que anualmente, desde 2020, o sector de comercialização agrícola cresceu entre 6% a 7%, sendo que tinha sido prevista a comercialização, até 2024, de cerca de 82 milhões de toneladas e até ao ano passado foram comercializados 79 milhões, o que significa que a meta será atingida.

O governante referiu-se também à contribuição da indústria transformadora no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. “Temos, a nível da indústria, o desafio de fazer com que a produção toda possa contribuir da melhor forma para o PIB nacional. De 1991 a 2005, por exemplo, a indústria transformadora contribuía com cerca de 10%, o que nos deu o desafio de manter este número. Nos últimos cinco anos, infelizmente por causa da covid-19, algumas indústrias pararam de funcionar, portanto a contribuição do sector decresceu. Mas temos fé que, com a entrada de novas unidades, o número de indústrias aumente nos próximos tempos”, assegurou.

Sobre as prioridades actuais do Ministério da Indústria e Comércio, explicou Silvino Moreno: “Queremos industrializar o País. Primeiro, queremos fazer a substituição das importações. Estamos, neste momento, a terminar a implantação de uma indústria de tijoleiras. Como sabem, importamos muita tijoleira para o País e a nossa expectativa é que essa importação diminua quase para zero com a instalação da nova fábrica, que será inaugurada nas próximas semanas. A estratégia do Governo é que haja substituição das importações e vamos fazer isso através de parques industriais. Temos locais identificados onde esses parques serão instalados”, apontou.

O ministro ressaltou que “o presente ciclo governativo foi afectado, particularmente no domínio económico-social e nas finanças públicas, pela Covid-19, pelos efeitos dos conflitos geopolíticos (que afectaram os preços dos principais produtos básicos) e pelos desastres naturais, que destruíram infra-estruturas”.

De referir que o XXII Conselho Coordenador do MIC tem a duração de três dias, reunindo quadros do sector a nível central e provincial, instituições tuteladas, conselheiros económicos e comercias e parceiros de cooperação, para discutir temas cruciais, com enfoque na industrialização do País, comercialização agrícola, promoção de investimentos, ambiente de negócios, comércio interno e externo.