Acarteira de financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em Moçambique ascende actualmente a 1,3 mil milhões de dólares, com perspectivas de os apoios para projectos de resiliência às alterações climáticas crescerem.

“O BAD financia projectos estruturantes que têm um impacto significativo na melhoria da vida dos cidadãos e que permitem completar aquilo que são os recursos do Estado na concretização do plano quinquenal do Governo. Agora estamos a avançar para matérias relativas às mudanças climáticas”, explicou a vice-ministra da Economia e Finanças, Carla Louveira, à margem dos encontros anuais do BAD, que decorreram no Quénia.

Segundo a governante, o financiamento do BAD no País está distribuído em 49% no sector da energia, 32% nas estradas, 14% na agricultura e 2% na área de água e saneamento.

Carla Louveira disse ainda que Moçambique está a trabalhar com organizações multilaterais para “aferir o potencial do crédito de carbono” do País, frisando que o Executivo já criou um gabinete de Financiamento Climático para estudar mecanismos de como “catapultar os ganhos provenientes da medição do crédito de carbono”.

“Estamos a articular em termos da assessoria técnica para que possamos enquadrar melhor e produzir legislação adequada para responder aos diversos instrumentos de conversão, quer seja de conversão de dívida por clima, quer seja de transformação dos créditos de carbono em potenciais impactos financeiros positivos para o País”, acrescentou.

De acordo com a ministra, Moçambique está atento igualmente às decisões recentes de conversão de direitos de saque (SDR) do Fundo Monetário Internacional (FMI) para alocação de investimento através do BAD para projectos que envolvem mudanças climáticas.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril.

O período chuvoso de 2018-19 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o País.

O Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição africana de financiamento do desenvolvimento e encontrou-se em Nairóbi durante cinco dias, em Maio, para debater “A Transformação de África, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma da Arquitectura Financeira Global”, reunindo mais de três mil participantes, entre políticos, governantes, economistas e especialistas de várias áreas de todo o mundo.

Os encontros deste ano incluiram a realização da 59.ª Reunião Anual do Conselho de Governadores do Banco Africano de Desenvolvimento e a 50.ª Reunião do Conselho de Governadores do Fundo Africano de Desenvolvimento.

Segundo a informação do BAD, apesar de um “crescimento económico sustentado ao longo das duas últimas décadas, a transformação económica de África continua incompleta. O Produto Interno Bruto real do continente cresceu 4,3% por ano entre 2000-22, em comparação com a média mundial de 2,9%, e muitas das dez economias de crescimento mais rápido do mundo situavam-se em África”.

“Apesar deste sólido desempenho em termos de crescimento, a estrutura das economias africanas não se alterou significativamente nas últimas duas décadas, com os sectores da agricultura, da indústria e dos serviços a representarem, em média, 16%, 33% e 51%, respectivamente, do PIB global de África”, recordou a instituição.

O BAD conta com 81 Estados-membros, entre 53 países africanos e 28 países fora do continente, incluindo Portugal e Brasil.